É de conhecimento geral que nosso
corpo é de carne e osso, cientificamente comprovado que somos formados de uma
junção de tecidos e órgãos que por sua vez são uma junção de células, que por
sua vez são uma junção de organelas que microscopicamente realizam as reações
químicas necessárias para nossa existência. Mas nossa alma, nossa alma, tem uma
outra matriz de geração. Algumas pessoas são uma junção de figuras – criadas ou
dadas a elas quando criança –, outras são músicas, outras são silêncios e isso
monta a personalidade de cada um, seu modo de ver a vida e de se relacionar.
Eu sou feita de palavras. Nasci
sujeito de uma frase na qual minha família era predicado, mas não qualquer
predicado, eles sempre foram predicativo do meu sujeito, um adjunto adnominal
por estarem tão perto, mas tão perto que fica impossível transitar ou
colocá-los em outra posição na sentença de minha vida. Admiro a força deste adjunto, pois eu sei que
meu sujeito as vezes é indeterminado, ou mesmo, inexistente quando quer fugir
do mundo, mas independente disso lá estão eles.
Entretanto, eu também sou um
substantivo. Um substantivo próprio, afinal dou nome a algo ou alguém. E isso é
uma grande responsabilidade, ser o meu próprio “Eu, ter uma identidade e não se
permitir confundir com qualquer substantivo concreto comum. Mesmo quando a vontade de sumir é tão grande,
mas tão grande, que você só quer ser uma substantivo abstrato e boa! Afinal,
nem sempre é confortável ser seu próprio substantivo sem nenhum adjetivo ali
para te dar um suporte.
Falando em adjetivos – eu preciso
dizer – são os meus melhores amigos, dão sentido a minha frase, complementam a
minha vida, dispensáveis ou não para o entendimento completo da sentença.
Tornam os lugares mais agradáveis, as pessoas mais queridas, assim como, tornam
os medos mais terríveis. Quem nunca sonhou com a vida perfeita!
Mas ser e ter tudo isso só é
possível através dos verbos. Eu nasci
verbo quando alguém me pariu. Cresci. Estou vivendo, mesmo que seja com um
verbo auxiliar, ninguém consegue tudo sozinho. Busco conhecer, me conhecer,
aprender com o verbo de ligação os pontos fundamentais da vida. Seja no tempo
verbal que for presente, passado ou futuro. O indicativo disso é que o futuro do pretérito
aprende com o pretérito perfeito os caminhos da história para me guiar e
acertar no presente. O pretérito mais que perfeito, por acontecer depois do
passado já sabe mais, por isso ensina o futuro a ser melhor. Uma grande jornada
para controlar os imperativos impulsos que querem estabelecer a desinência
pessoal e temporal das palavras que nos denominam.
Palavras... dizem tanto, mas ao
mesmo tempo podem não dizer nada! Talvez hoje eu saiba menos sobre mim do que
ontem, mas tenho uma dezena de palavras a mais para me descrever. Julgamentos,
pré-conceitos, discriminação tudo por conta de palavras. Ideologias, brigas,
desentendimento e discussões tudo através das palavras. Existe o bom e o mal?
Quem decidiu que bom seria bom e mal seria mal? Signo, significante e
significado! Palavras...
No fim do dia acho que a única
palavra que deveria definir a todos é AMOR, mas será que eu realmente sei o que
essa palavra significa?
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