Há muitos e muitos anos a trás, quando a raça humana era mais desenvolvida, antes de ser brutalmente devastada por cometer erros incuráveis, e se tornar o que é hoje, as partes do corpo humano falavam, tinham praticamente uma vida própria, mas viviam de comum acordo dentro de um corpo. O corpo humano era um santuário ambulante, pisava-se no chão com cuidado para não machucar o Sr, e a Sra Pés. A comida era bem mastigada pela familia de dentes e bem digerido por todos os parentes do Sistema Digestivo para não machucar o sensível do Sr. Estômago. E assim sucessivamente cada parte, trabalhava para a outra, para si e para o todo em função do homem.
Um belo dia, um jovem rapaz, que vou chamar de Kaique, empenhado em ganhar a maratona dos corredores, conversou com seus amigos músculos e contou-lhes que iria trabalha-los um pouco.... O que os pobrezinhos não faziam por Kaique.... Literalmente suaram a camisa, se cansaram, tiveram cãibras, deixaram o pobre Sr. Coração biruta de tanto bater, e parar, bater e parar....
E quando mais nenhum dos músculos estava aguentando... uma pequena fibra muscular apaixonada por Kaique resolveu ir fundo... e se esforçar... e se esforçar... até que chegou o dia da competição! Kaique correu muito bem, mas ainda não foi o suficiente para ganhar.
Ele xingou a todos, prageou, por muito tempo.. os orgãos tiveram que fazer tudo sozinho e ainda por cima viviam em conflito, o Sr. Coração agora era frio como pedra, o Sr. Estomago cada vez mais enjoado entre muitos outros problemas, mas os pequeninos ainda tentavam reconquistar a confiança de Kaique com trabalhos dobrados. Mas Kaique era bem arredio e não compreendia os pequeninos, não facilitava...
Um ano se passou... a maratona estava se aproximando, e subitamente o coração de Kaique começou a amolecer, a ficar calmo a bater no ritmo do corpo. E ele veio mais uma vez com a conversa de que queria a ajuda de todos para vencer essa maratona. Logo agora que as coisas estavam novamente entrando nos eixos, os orgãos para não decepcionar, decidiram recomçar o trabalho e dessa vez dando mais do que podiam, para recompensar o outro ano. E lá foram eles... horas e mais horas de treino, dor, e angustia, tudo por uma boa causa.
Aquela pequena fibra se fazia em mil para ser a melhor de todas, para chamar a atenção de Kaique e ser a preferida dele, mesmo que da outra vez ela tivesse se machucado muito, ela tinha certeza que dessa vez valeria a pena o esforço.
Chegou a corrida, e ele venceu... mas uma coisa que ele nunca ficou sabendo foi que aquela pequenina lutadora, havia estourado, e ela era tão pequena, tão fraca tão inutil que ele nem percebeu a diferença... Simplesmente virou para o corpo, agora todo mole, todo sem vida e disse " Estou cansado!", não se preocupou em ajudar a eles, de fazer um desaquecimento para deixar seus amigos musculos descansarem também... Simplesmente dormiu e deixou seu corpo todo ligado e morrendo aos poucos pela fadiga... Afinal de contas havia conseguido o que queria!
- Entrou na casa como um ladrão, deixou ela de ponta cabeça mais uma vez, e de lá saiu como um nobre príncipe para o banquete dos reis... -